19 de Fevereiro de 2025
Quando o ano começou, pensei que tudo seria diferente — melhor, para ser sincera. Estava sentindo boas vibrações. Minha palavra para este ano era: decisões, organização, ordem.
Sério, eu realmente senti isso no início. Mas agora, em pleno fevereiro, estou apenas aguentando o inevitável. Não quero que sintam pena de mim, mas tudo parece conspirar contra mim. Este mês tem sido complicado para meus sentimentos.
Eu amo o pai dos meus filhos, mas nosso relacionamento está longe de ser uma maravilha. Não digo que estamos em crise, porque essa palavra me soa meio frívola, mas tem sido cansativo aguentar a barra sozinha. Eu não sei o que ele pensa ou quer. Tenho cuidado da casa, das finanças, dos filhos — tudo sozinha. Parece que só eu tenho que pensar em tudo, porque se eu não fizer, nada acontece.
Hoje, por exemplo, acordei às 6h, sem conseguir mais dormir. Levantei para dar o leite ao meu filho. Por volta das 8h30, arrumei as roupas para vestir as crianças e ir ao médico. Na minha consciência, a consulta era hoje. Vesti os pequenos e olhei para o relógio: já eram 9h35 — e a consulta começava às 9h30! Vesti-me correndo, coloquei o bebê no ovo, o casaco na minha filha, e fomos para o carro.
Chegando ao centro de saúde, usei o cartão do bebê no portão eletrônico para confirmar a consulta, mas não havia nada marcado. Achei estranho, mas a segurança me deu uma senha para eu fazer a entrada manual. Quando cheguei ao balcão, olhei a senha e percebi: a consulta era ontem, dia 19/02/2025. Eu estava tão estressada que acordei cedo, arrumei as crianças e ainda me atrasei para ir ao médico no dia errado. Acho que isso se chama sofrer por antecipação.
Frustrada, voltei para casa, olhei para meus filhos e pensei: “Tadinho, apressei eles à toa.” É difícil ser mãe solo, mesmo estando acompanhada.
Hoje percebi que meu pai me fez forte demais — e isso me prejudica. Encaro a vida como um desafio, acho que não posso depender de ninguém, que tenho que fazer tudo sozinha, porque ninguém vai ajudar. Isso é triste e solitário. Enquanto isso, meu companheiro nem se ofereceu para ir comigo ao médico, só olhou e disse que eu estava atrasada. Será que ele acha que não preciso de ajuda? Será que as pessoas acham que é fácil conciliar rotina, trabalho, lazer e cuidar dos filhos num só dia?
Estou sem emprego, ele também. Mas antes de pensar em trabalhar, preciso garantir o que meus filhos vão comer, vestir, organizar a casa, lavar roupas, dar comida, almoçar, preparar refeições... Como o meu dia pode ter só 24 horas e ainda sobrar tempo e disposição para pensar em mim?
Não me queixo dos meus filhos. Tento ser paciente, mas sei que não sou a melhor mãe. Sei que não estou sempre presente, mesmo estando em casa. Sei que não faço tudo o que deveria, e me sinto pouco inteligente por isso.
Quando era mais nova, errei algumas vezes e, na inocência, pensei que bastaria me esforçar para não errar mais. Mas continuo errando, e às vezes parece que todo esforço é em vão. Dar o melhor de si nem sempre é suficiente.
Eu estou dando o melhor que posso, mesmo sabendo que não é o suficiente. Hoje não tive vontade de fazer nada, estava cansadíssima. Mas se eu não fizer, nada vai acontecer; as coisas vão se acumular, e amanhã será ainda mais difícil. Por sorte, consegui me animar um pouco e me distrair. Nem tudo vai dar errado, nem tudo será ruim.
Nossa ansiedade para resolver tudo logo, a angústia dos problemas, às vezes é fruto da nossa pressa. Problemas têm seu tempo para serem resolvidos. Algumas circunstâncias são desafios para fortalecer nossos pontos fracos. Somos assim, mas se agirmos sempre da mesma forma, a vida não muda.
Se pedirmos algo melhor ao destino, ele vai mandar situações que nos façam crescer — mesmo que não gostemos delas.
Eu tenho odiado meu modo de viver hoje em dia. Não estou contente com nada. Olho para mim e desanimo. Talvez eu esteja contribuindo para o fim do meu relacionamento, e não sei lidar com certas situações sociais — essas são minhas fraquezas. Eu me afasto das pessoas e me sinto sozinha, mas sou eu quem me afasto, por diversos motivos.
Não dá para trancar tudo, isolar o sofrimento numa caixa e esperar que nunca mais apareça. Algum dia tudo vem à tona e nos deixa infelizes.
Hoje não tomei café da manhã, nem fiz uma refeição decente, e já é hora do almoço.
Meu pai está me pressionando para tomar uma decisão importante, mas eu não consigo, nem quero fazer isso agora.
Tenho dívidas para pagar e não sei como vou me livrar delas.
Todos os dias procuro trabalho, mas só vejo portas fechadas. Ontem fui a um potencial cliente, que simplesmente me ignorou. Isso arruinou meu dia.
Liguei para a Segurança Social, mas disseram que meu caso foi arquivado por falta de documentos. Fui lá reclamar.
Estou devendo aluguel e morrendo de vergonha, mas não tenho dinheiro para pagar.
Sei que tudo precisa ser resolvido com calma.
Mas, no fundo, preciso urgentemente organizar minha vida.
Só peço a Deus um trabalho, para poder finalmente organizar minha vida e dar uma condição melhor aos meus filhos. 😢
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