E sem saber o porquê, me entreguei...
Muito mais do que devia.
São nossos reflexos —
almas invertidas que se espelham em pessoas
que apenas observam demais e pouco fazem.
Precisam de vida, sangue, de um despertar —
onde as coisas não serão apenas as mínimas coisas.
Meu tempo é limitado.
Eu, aqui, apenas tenho escolhas.
E decisões que serão o meu caminho daqui por diante.
O caminho batido de terra, que estreita os passos,
é o caminhar errante da alma.
Varrem de dentro da mente algum dia…
Dia onde o sol queimava por sobre a pele
e guardava não apenas doces palavras,
mas muito mais do que a ambiguidade.
O levantar e erguer a cabeça
sente-se muito mais do que poderia...
Mas por agora, prefiro ficar só.
Escutar não só o silêncio dos meus dias constantes,
mas criar coragem rompante
para desfazer os paradigmas de uma outra história —
uma história que hoje termina.
É infernal.
Horrível decifrar.
Pois não há momento de calor,
não há situação mirabolante.
Mas existe o ressentimento.
A revolta.
E, por vezes, as lágrimas esquecidas na minha mente.
Algumas choradas...
Outras nem queriam rolar,
de tão entravadas no meu ser.
Até chorar virou uma arte.
Uma especialidade licorosa em minha pele.
É um fervor
que apenas provocado com sabedoria
consigo dar jus hoje.
Minha essência não é chorar,
nem lamentar o que posso perder.
Já perdi demasiado —
e o seu sabor é apenas reciprocidade
dentro de mim...
Tem vezes que ainda dói.
Mas algo vivido com frequência
acaba por ser conhecido demais
para se tornar especial.
E ainda aqui,
poderia me bastar para mim mesma.
Minha cara tem muitas faces.
Meu semblante não é apenas branco, azul ou vermelho.
Ele é bem mais do que meu coração fará lembrar —
bem mais retocado
do que a imaginação fértil que deixa passar em branco
tanta obscenidade.
Somos eu e tu —
numa dança que nunca mais acaba.
Pois tu me iludes.
E eu te beijo.
Tu me convidas a continuar a cegar-me...
E eu aproveito os pontos doces da loucura.
Talvez sejas tu o meu medo.
Sejas aquilo por qual sempre meu peito apertou,
de tanto receio.
E no final de tudo,
acabei por pagar com minha própria vivência.
Eras um sonho.
Que, terrivelmente, se tornou realidade.
Minha dança fúnebre,
que se angustia a cada compasso —
pois relembra o compasso
de algo muito mais denso:
de uma alma gritante.
Não somos só nós...
Mas o mundo ainda dança.
E se protege de uma energia contagiante,
onde o caos permite retirar a eternidade festiva
de com alguém poder estar.
E juntos…
acabamos sós.
Ao lado um do outro.
Ritmos diferentes.
E bastante sólidos.
Que isso importa?
Cada um segue seu caminho:
ferido, simbiótico —
e sem saber o que haverá de construir, afinal.
Comentários
Postar um comentário