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Em meio à minha floresta

E no meio da floresta, a mulher vestida de branco, que toca na terra, levanta-se e começa a caminhar por entre as árvores até chegar a uma grande árvore.

Ela encosta sua mão suavemente no tronco, como se pedisse permissão para tocá-lo.

É então que a árvore transforma-se em homem-árvore, e este a convida a olhar para dentro dele, através do seu grande tronco.


A mulher para à entrada do centro do homem e vê uma imensa escuridão.

Sente receio — teme que aquela escuridão a engula.

Volta a olhar para o rosto do homem-árvore, que a observa com ternura nos olhos.

Ele estende a mão, convidando-a a aceitá-la e caminhar por entre sua escuridão.


Ao entrar, encolhe-se com o frio, como se o vazio a tocasse.

Mas aquilo que parece vazio transforma-se em densidade — quase palpável aos dedos.

Seus dedos roçam suavemente a densidade escura, como se tocassem o tecido de um mistério antigo.

Seus pés caminham livres, e seus olhos, surpreendentemente, não perdem a sensibilidade: continuam a enxergar tudo, como se fosse dia.


Ali, não há mais medo, nem receio.

Ela atravessa o caminho escuro sem precisar de luz,

pois não é uma escuridão que consome,

mas uma escuridão que acolhe e guia.


Ao alcançar o outro lado, encontra uma linda floresta, banhada pelos raios brilhantes do sol, que iluminam toda a vegetação ao redor.

Ali, ela passa a contemplar um vasto interior, repleto de flores selvagens e criaturas invisíveis que cantam ao sabor daquela brisa calorosa.

O homem-árvore a observa com encanto, admirando o deslumbramento dela diante da beleza da floresta como um todo.


Ela toca nas árvores, e as árvores lhe oferecem um saber profundo, esquecido pelos homens, mas guardado na seiva do mundo.

Sente as várias camadas ocultas nos anos.

Considera-as suas eternas amigas, belas e estonteantes.

Suas raízes desejam profundidade, não temem o abandono — encontram repouso no silêncio da terra.


Confia em si para fazer o que precisa ser feito — no seu tempo, no seu silêncio.


Até que, ao olhar para cima, entre os muitos troncos, uma corda surge por entre o verde das árvores.

Então, a mulher agarra a corda e se deixa puxar para cima,

para deixar que o olhar atravesse o véu dourado do mundo —

a luz que emana por entre as folhas e a guia mais alto, até o topo da floresta.


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