Pessoa amada...
Nem sempre foste bem-vinda nos meus pensamentos.
Mas, ainda assim, foste sentida —
num tempo que já nem sei nomear.
Tu foste, sim, importante.
Embora a importância, por vezes, doa.
Pois te amei — mais do que devia.
E me deixei guiar por uma ilusão que construí
só com o que queria ver.
Foste presença...
Mas também ausência.
E no meio disso, o que restou de mim?
Eu — que me desdobrei em carinho,
em compreensão,
em silêncio.
Silenciei tanto...
que deixei de ouvir a minha própria voz.
Tu foste amor, sim —
mas foste também engano.
E por isso, foste dor.
Foste saudade —
e depois, quase esquecimento.
Mas não te culpo mais.
Nem me culpo tanto.
Aprendi que há amores que chegam apenas para nos ensinar
o que não somos.
E o que não merecemos.
Pessoa amada,
foste espelho,
foste sombra.
Foste até mesmo oração —
mas uma daquelas que se faz de joelhos,
com o coração em ruínas.
Hoje, te vejo com distância.
Com ternura.
Com a leveza de quem não carrega mais a dívida
de te manter dentro.
Agora, sou eu — por mim.
Comigo.
Sem querer voltar,
sem querer reviver.
Pessoa amada,
que bom que foste.
E que bom,
também, que te foste.
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